Surge Cidade Nova,
que será Telêmaco
Klabin - Telêmaco Borba
Harmonia tem seis
mil habitantes em 1951, todos ligados à Klabin e ocupando casas da empresa; a
indústria atingiu o limite de empregados, mas continua a atrair gente à região
na expectativa de oportunidades. Um controle rigoroso impede que áreas nos
arredores sejam ocupadas pelos excedentes, entre os quais aventureiros e
malandros.
Não há favelas em
Harmonia, uma cidade particular na margem direita do Tibagi, com edificações
projetadas pelo arquiteto alemão Max Staudacher. A igreja, as casas em estilo
europeu dotadas de lareira, o Harmonia Clube com a sede campestre à beira do
rio, e o Hotel Ikapê, de categoria internacional. Em 1951 o hotel recebe o
governador do Paraná, Bento Munhoz, o brigadeiro Eduardo Gomes, o jornalista
Herbert Moses e diplomatas estrangeiros.
Harmonia, porém, chegou ao limite, é
preciso uma outra urbanização: Cidade Nova, projetada na margem esquerda do
Tibagi e cuja expansão determinará o município de Telêmaco Borba.
Com a escassez de habitações em
perspectiva, Horácio Klabin anuncia em 1952, em reunião pública no cinema, o
loteamento de 300 alqueires pela Companhia Territorial Vale do Tibagi. Surgirá
uma “cidade-jardim” projetada por Max Staudacher, com setores residencial,
comercial e industrial. Embora anunciado sem restrições a compradores, atenderá
operários da indústria principalmente, que poderão pagar a longo prazo, sem
reajuste das prestações.
Segundo a
historiadora Hellê Fernandes, só a partir de 1956 desenvolve-se a nova
urbanização. Nos próximos anos, ocupantes de casas de madeira em Harmonia que
queiram ocupar lotes em Cidade Nova podem levá-las, presente da Klabin.
Cidade Nova é um dos temas do escritor norte-americano John
Dos Passos no livro Brazil On the
Move (“O Brasil em Movimento”, publicado em 1963 e cuja edição mais recente
é de agora, 2013, traduzida por Magda Lopes para a Editora Benvirá.
A convite de Samuel Klabin, John Dos Passos
conhece Cidade Nova em 1936 e o que presencia não são casas de operários, mas
de funcionários graduados a indústria. “Quatro das vilas mais atraentes
situam-se num terraço que se projeta sobre escarpada ribanceira”, anotou
Passos. Uma pertence ao francês André
Denis, escultor e arquiteto; outra ao conde Bella Thuroniy, húngaro que
trabalha no Departamento Florestal da Klabin. Os outros proprietários: Max Staudacher, alemão, projetista da cidade; e o brasileiro Carlos
Leissner, gerente da Companhia Territorial Vale do Tibagi.
Já em 1959 é
inaugurado bonde aéreo para a travessia do rio entre Harmonia e Cidade Nova, os operários já não precisam esperar ônibus a cada 20 minutos. A
preço ínfimo, vão de bondinho e do alto contemplam o rio turbulento no imenso
panorama.
Sede municipal
a partir de 1964
Cidade Nova
corresponde, principalmente, à finalidade de proporcionar habitação aos
operários. Fora de seus limites, porém, expande-se a ocupação de outras áreas,
cujas populações carecem de infraestrutura. Cogita-se a criação do município em
1960.
Em 16 de outubro de
1961, é criado o o distrito administrativo de Cidade Nova, no município de
Tibagi. O nome Cidade Nova é substituído por
Telêmaco Borba, município criado em 5 de julho de 1963. A instalação se dá em
12 de março de 1964, com a posse do prefeito, Péricles Pacheco da Silva.
Denomina-se em homenagem a quem foi
desbravador, revolucionário e deputado tibagiense por mais tempo. E Polybio
Cotrim faz uma poesia.
Cidade
Nova! Meu torrão amado...
Ainda és a terra do diamante
E do pinhal enorme, verdejante
Unido pelas copas,
alvoroçado.
Se o teu belo nome
foi mudado
Pelo de um sertanejo
bandeirante
Mesmo assim
continuas triunfante
Com glórias no
presente e no passado.
A tua indústria sempre agigantada
Concorreu para seres
batizada
A capital moderna do
papel.
Na lista das cidades
brasileiras
O teu nome vai ficar
entre as primeiras.
Pena é que tenhas
tanto bacharel...
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