Panorama da
Serrinha
encantou
D.Pedro II a
caminho de
Palmeira - Widson Schwartz
O panorama nas cercanias da nascente do rio Tibagi fascinou o
imperador Pedro II, aonde “a terra parece uma esmeralda sem fim e o céu uma
safira infinita”: o cume da Serrinha. Isto em 25 de maio de 1880. Os adjetivos constam na reportagem do Jornal
do Comércio, editado no Rio de Janeiro. Suas Majestades Imperiais, Pedro II
e Teresa Cristina, permaneceram trinta minutos na Serrinha e o Imperador faz
anotações, “extasiado ante a prodigiosa natureza da Província do Paraná”.
É onde começam os Campos Gerais, situados entre o curso superior
do Tibagi e o Rio das Cinzas, na largura de 396 quilômetros de sudeste para
nordeste. Em carruagens e a cavalo a
comitiva imperial seguia de Campo Largo a Palmeira, com passagem por São Luiz
do Purunã, onde almoçou.
Pelo
roteiro da visita de D. Pedro II, Palmeira “é a primeira povoação que se
encontra depois da Serrinha” e lá reside a Baronesa do Tibagi, de quem Suas
Majestades serão hóspedes.
O gentílico de quem nasce em Palmeira é
palmeirense. Credita-se a origem da povoação a uma paragem de tropeiros no
longo Caminho entre Viamão (RS) e
Sorocaba (SP), onde consolidou-se, em 1833, a Freguesia Nova, transferida
das proximidades de Campo Largo pelo padre Antônio Duarte dos Passos. A área
havia sido doada por famílias e passou a se denominar Palmeira, porque havia
muita palmeira; segundo uma versão, o lugar era conhecido por Capão da
Palmeira. Lei provincial criou o município em 1869, desmembrado de Ponta
Grossa.
“A viagem de Curitiba a Palmeira, através
de extensos pinheirais, que são as matas
cerradas da frondosa araucária (...), foi realmente encantadora”, segundo
Ernesto Matoso no livro Coisas do Meu Tempo. Descreve a guarda de honra,
por mais de 200 cavaleiros, em sua maioria comerciantes da capital,
vistosamente uniformizados. E atrás da guarda, carruagens cada vez em maior
número, pelas adesões ao longo do caminho. O Jornal do Comércio informa
que, uma légua antes de Palmeira,os animais do carro imperial foram
substituídos por quatro cavalos brancos enfeitados com as cores nacionais,
enviados pelo conselheiro Jesuíno Marcondes.
O Paraná
tinha apenas 150 mil habitantes quando recebeu D. Pedro II e nos Campos Gerais estavam
os mais ricos fazendeiros. Suas Majestades imperiais chegam a
Palmeira em 25 de maio de 1880, às 17 horas, hóspedes da Baronesa do Tibagi. Chamava-se Cherubina Rosa
Marcondes de Sá, viúva de José Caetano de Oliveira, Barão do Tibagi.
Posteriormente à
visita, o Imperador concederia a ela o título de Viscondessa do Tibagi, em
reconhecimento à hospitalidade. Era mãe do palmeirense Jesuíno Marcondes,
advogado que havia sido deputado à primeira Assembleia Legislativa Provincial,
deputado federal, ministro da Agricultura, Comércio e Obras do Império
(1864-1865) e vice-presidente da Província. Recebeu do Império o título de
conselheiro.
Uma parada no Tibagi
Viajando de
Palmeira a Ponta Grossa, no dia 26 de maio de 1880, D. Pedro II e seus
acompanhantes chegam ao rio Tibagi. “Ponta Grossa, situada num dos pontos mais
elevados dos Campos Gerais, apresenta-se graciosa ao viajante desde à distância
de 20 quilômetros”, informa o Jornal do Comércio.
Conforme a notícia,
antes de chegar à cidade Suas Majestades “pararam por algum tempo sobre a ponte
do rio Tibagi, para admirar o lindo panorama que dali se descortina. Tem a
ponte cerca de 500 palmos de comprimento e é toda de madeira da Província”.
Desde 1865 o governo provincial tinha o prospecto do rio pelas medições dos
engenheiros Keller e, assim, o jornal acrescentou informações: “O Tibagi nasce
na Serrinha e vai desembocar no Paranapanema, correndo (…) 528 quilômetros (…)
mais ou menos”.