Do Ribeirão da Invernada
a Salto Mauá: panoramas
Buraco do Padre, Ponta Grossa
Estrada para Telêmaco Borba, PR-160, Rodovia do Papel
Localidade de Harmonia, em Telêmaco Borba
Vila Quero Quero e Distrito Hartmann, município de Palmeira
Entre a cidade de
Tibagi e Salto Mauá (no município de Telêmaco Borba) são 104 quilômetros, que
completam o curso superior do rio. O trecho é bravio, com 13 cachoeiras e meia dúzia de saltos, constatou
o geólogo Reinhard Maack, indicando que são mais notáveis o Salto Grande da
Conceição (15 metros de altura) e o Salto Mauá (28 metros), onde está a
hidrelétrica da Klabin.
As cachoeiras têm
comprimentos entre 581 metros (Poço do Tigre) e 667 metros (Cachoeira Grande).
Entre os afluentes no trecho: rios Alegre e Faisqueira, Arroio Quebra-Perna,
rios Harmonia e do Capitão, na margem direita. E pela margem esquerda: rio
Santa Rosa, Arroio da Conceição, o rios Imbaú e Imbauzinho.
Ao longo do curso
superior, 380 quilômetros desde a origem no Ribeirão da Invernada até Salto
Mauá, o Tibagi desce de 1.060 metros para 533. A Expedição CBN constatou que no
trecho inicial moradores de Ponta Grossa e cidades vizinhas têm o rio para o
lazer. “Na foz do Guaraúna, por exemplo,
tem muita gente que vai pescar, lá tem
barcos a motor. É a parte do Tibagi que começa a ficar navegável”, observou
Marcos Medeiros de Albuquerque. Acima, “antes de receber o rio do Salto, bem
próximo ao Quero-Quero, o Tibagi é praticamente um riacho.”
E bem mais abaixo,
de Uvaia a Pintangui, se apresenta calmo e equilibrado, sem coredeirs e com as
marens íngremes de arenito das Furnas”. Bravio a seguir, entrando pelo canyon
ao norte do Pitangui.
O extrativismo, a
pecuária, a agricultura mecanizada e o reflorestamento homogêneo com espécies
exóticas modificam o panorama margeando o rio. “A parte que tem mais agricultura é saindo de Ponta Grossa
até chegar ali perto de Tibagi”, relata Marcos Albuquerque. “De Tibagi para
Telêmaco, já fica um terreno mais íngreme, então mais reflorestamento do que
agropecuária, e o que a gente nota é que
a mata ciliar é inexistente ou muito pequena.”
O alto Tibagi já não
recebe poluição industrial, mas não está completamente livre de esgotos urbanos
e lixo. Tibagi e Telêmaco, urbanizações diretamente nas margens do rio, ainda
apresentam deficit de coleta e tratamento de esgoto. Lixo doméstico e de
atividades rurais são visíveis na correnteza lenta. Mas o índice é considerado
tolerável por observadores.
Em Telêmaco, José
Carlos Santos, chefe da Divisão de Meio
Ambiente da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação, lembra que a seca
drástica no final de 2007 fez o rio baixar e expor a sujeira. “Pudemos ver que
tem muita poluição no leito. Na medida do possível, o que a gente faz é
recolher parte da siujeira, mas ainda tem muito esgoto de moradores ribeirinhos
ligados na água”, segundo Santos. “Eu
posso que a condição do rio ainda é boa”, avalia.
Um outro convívio
da indústria e o rio
Na década de 1940,
acionar a grande indústria de papel sem
poluir o rio seria impossível. Gradativamente vieram as atenuantes do
impacto. Com a legislação rigorosa e a disponibilidade de novas tecnologias de
tratamento, a Klabin avançou a partir dos anos 70 e 80. E cessou a poluição do
rio nas décadas seguintes.
Arthur Canhisares,
diretor industrial da empresa, fala de uma sadia integração atualmente. “A
Fazenda Monte Alegre hoje é uma área de 271 mil hectares. Desses 271 mil, aproximadamente
110 mil são de áreas nativas e de preservação”, informa. “E 91% dessa fazenda
está baseada na bacia do Tibagi. Então, a importância para nós do rio
Tibagi é muito grande”, conclui.
E há o parque
ecológico, com 11 mil hectares, “um cridouro científico” visitado por 30 mil
pessoas anualmente, segundo Canhisares. “Então, é uma relação bastante intensa
entre o parque e as comunidades aqui da região.”