Cooperativismo inovador e
toque europeu na paisagem
Widson Schwartz
Nascer do sol na Fazenda Bugio, em Palmeira
Represa do Salto, próximo à Colônia Witmarsum
Vila Quero Quero, na Colônia Witmarsum, em Palmeira
Castrolanda
Na atualidade dos Campos
Gerais destaca-se o associativismo de soluções inovadoras no agronegócio, que
correspondem à expectativa de clientes e permitem a sustentabilidade dos
produtores. Com faturamento previsto de R$ 3 bilhões em 2012, as três
principais cooperativas da região participarão com 8,5% da movimentação financeira em vendas do sistema no
Estado, R$ 35 bilhões.
Em comparação às que
se encontram em outras regiões do Estado, as cooperativas nos Campos Gerais se
caracterizam pelo número de associados relativamente baixo e a produtividade
muito alta. A Cooperativa Mista Agropecuária Witmarsum Ltda., fundada em 28 de
outubro de 1952, tem 310 sócios em Palmeira, Balsa Nova, Ponta Grossa e Porto
Amazonas. As marcas do leite e dos queijos são referências de alto conceito.
Maior produção é a de soja, em 4.200 hectares, média de 2.750 kg/ha; o milho,
em 2.300 hectares, atinge a 8.000 kg/ha. Em menor escala há o trigo e outras
culturas. Adota a rotação de culturas e de pastagens (sistema Voisin).
Castrolanda associa
o nome e a paisagem própria dos holandeses, mas os 750 associados da
Cooperativa são de várias etnias. Em 2011, produziram 508,4 milhões de
toneladas de grãos, 182,6 milhões de litros de leite e 37,5 mil toneladas de
suínos, principalmente. As principais commodities agrícolas, a suinocultura e o
leite atingem faturamento anual superior a R$ 1,2 bilhão.
Ao completar 50
anos, em 2001, Castrolanda inaugurou o seu magnífico moinho, “O Imigrante”,
réplica primorosa com 37 metros de altura e 36 de envergadura, um dos maiores
do mundo. Na próxima Agroleite, os visitantes terão a primeira edificação de um
novo conjunto de arquitetura holandesa, que servirá à exposição de tecnologia.
Recente é a unidade beneficiadora de feijão,
cuja marca evoca o homem de outrora nos Campos Gerais: “Feijão Tropeiro”.
Um grupo de seis
tropeiros podia conduzir mil mulas do Rio Grande do Sul a Sorocaba sem perder
mais de 1% da tropa, exposta a perigos ao longo de 3.200 quilômetros. “Para ser bem-sucedido no comércio dos
animais era preciso (o tropeiro) ter uma
constituição de ferro, a quem nem a fadiga nem as privações alquebrassem. E ser
bom cavaleiro, bom laçador e, finalmente, bastante conhecido da natureza dos
muares, em todas as suas características físicas e morais”, soube o engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither em
1874, ouvindo ex-tropeiros em Tibagi.
Outro tempo para
os alemães-russos
Setenta anos após a inviabilidade da colonização
russo-alemã nos Campos Gerais, ao tempo do Império, teve início a Colônia
Witmarsum, fadada ao sucesso. Com alemães-russos do culto menonita, que
chegaram em 7 de julho de 1951 a Palmeira, procedentes de Santa Catarina.
Com planejamento, as
famílias ocuparam lotes numa área de 7.800 alqueires, a Fazenda Cancela,
adquirida de Roberto Glaser com financiamento de uma instituição menonita dos
Estados Unidos. A Cooperativa Mista Agropecuária Witmarsum é sucessora da
sociedade anônima que os colonos mantinham em Ibirama, Santa Catarina. Seus
ancestrais eram da Frísia, ao norte da Alemanha e da Holanda, de onde emigraram
para a Rússia entre 1888 e 1920.
Os fundadores da
Colônia Witmarsum saíram da Rússia por não aceitaram o comunismo e,
inicialmente, se fixaram em Santa Catarina, em 1930. Nome também de um
município catarinense, Witmarsum é primeiramente o lugar na Holanda onde viveu
Menno Simonis (1492-1559), iniciador do menonismo, doutrina anabatista cujos
seguidores são os menonitas.
Atrativos na Colônia
Witmarsum, em Palmeira: a
arquitetura e os produtos alimentícios de alto conceito, a história e o
folclore dos imigrantes. E o próprio sistema da produção agropecuária.