Da visita
presidencial à produção
de
papel-jornal em Monte alegre
Teleférico - Telêmaco Borba
Licenciado pelo governo federal, o engenheiro Luiz Augusto da
Silva Vieira comanda a implantação da indústria de papel em Monte Alegre, onde
o presidente da República, Getúlio Vargas, e o interventor no Paraná, Manoel
Ribas, chegam ao entardecer de 25 de janeiro de 1944. Caracteriza-se uma
parceria público-privada, que atingirá o objetivo em 1947.
Recebidos com
banda de música ao desembarcar do avião presidencial, Vargas e Ribas dão por
inaugurada a recém-ampliada pista de pouso, com 950 metros, e são levados ao Hotel
Lagoa, cheirando a madeira nova, com luz elétrica (gerada por locomóvel) e
quartos com banheiros privativos. O presidente dormirá na residência de Vieira,
seu amigo, e a comitiva permanecerá quatro dias em Monte Alegre.
Submarinos alemães tinham afundado navios
mercantes e só uma máquina de celulose havia chegado completa, cuja montagem
por um técnico norte-americano o Presidente acompanha. Está em montagem na
hidrlétrica a primeira unidade geradora (14.500 KVA) e avança a construção da
fábrica, despontando a maior chaminé da
América Latina: 96 metros de altura.
Prevista
para 1943, a produção de celulose começa em 1945, experimentalmente, e se torna
regular em junho de 1946.
Março de 1947: a Klabin está produzindo
papel para a imprensa, “após vencer dificuldades e resolver problemas julgados
insuperáveis”. Celebração mais genuína se dá em 27 de setembro de 1947: “Toda a
edição de hoje do Jornal do Comércio é (...) em papel nacional fabricado
pelos industriais brasileiros Klabin e irmãos em sua grande organização de
Monte Alegre”, informa o próprio jornal, editado no Rio de Janeiro e que está
completando 120 anos. Pela efeméride,
parecia aos diretores do jornal ainda mais auspicioso ver o Brasil entre
“os poucos países capazes de produzir em grande escala papel para a sua
imprensa”.
Inicialmente, Monte Alegre fabrica 60
toneladas de celulose-sulfito e 100 toneladas de papel-jornal por dia,
industrializando entre seis mil e sete mil pinheiros por mês. E já entra na
fase de reajustes de máquinas e outras correções que eliminem defeitos no
papel-jornal apontados pela clientela. Em dois anos, embarca 10.500 toneladas de
celulose, em 518 vagões; e 9.200 toneladas de papel em 517 vagões, usando a
estação ferroviária em Piraí do Sul.
Getúlio Vargas já não é o presidente da
República, fora “derrubado”em 1945. Mas, em 1953, voltariá a Monte Alegre, no
segundo mandato presidencial.
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