Cartilha Copati
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
O
Tibagi e o mundo
paranaense
das águas - Widson Schwartz
A hidrografia
paranaense é a segunda mais rica do Brasil, a primeira é a bacia do Amazonas.
No Paraná, os rios estão em todos os quadrantes e a soma das bacias iguala-se à
superfície estadual, aproximadamente 200 mil quilômetros quadrados.
Desse mundo de
águas faz parte o Tibagi, um dos três grandes rios completamente no interior do
Estado e o segundo mais extenso, 550 quilômetros. E nenhum outro é tão
encantador. No “grande cenário de montanhas e florestas, o Tibagi é feroz e
belo como o próprio Éden”, anotou Thomas Bigg-Wither em 1874.
Bigg-Whiter
encontrou o rio na quase plenitude. Com o passar do tempo, as intervenções do
homem alteraram panoramas e poluíram a água. Mas, justamente pela ferocidade, o
Tibagi mantém belezas. A sua reserva de energia, que impõe a construção de
hidrelétricas, é um tema da atualidade.
No Estado do Paraná, as bacias maiores são duas: a do leste, em que os rios correm para o Oceano Atlântico, e a do rio Paraná, a oeste. Uma macrobacia do Paraná, da qual o Tibagi faz
parte.
Segundo maior rio
da América do Sul, o Paraná nasce da junção do Paranaíba e o
Grande, na divisa entre Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Conforme
a interpretação mais recente e oficializada, o rio Paraná tem aproximadamente
três mil quilômetros de extensão, passa pelo Estado homônimo e termina no
estuário do rio da Prata, do qual é o maior formador, na Argentina. Há os
registros anteriores, com a extensão variando de 4.300 e 4.600 quilômetros. E até
4.880 pela inclusão do Paranaíba, conforme a Itaipu Binacional.
A Região
Hidrogrfica do Paraná abrange 879.860 km² no Brasil, uma das áreas de maior
desenvolvimento econômico, concentrando um terço da população do país. Uma
realidade que parece materializar a ficção lobatiana, um tanto profética.
No
romance futurista que Monteiro Lobato escreveu em 1926, os Estados Unidos
teriam o primeiro presidente negro só em 2.228. E o Brasil estaria dividido em
dois países: um deles “o centralizador de toda a grandeza sul-americana, filho
(…) do imenso foco industrial às margens do rio Paraná”. Ao sul e ao sudeste do
Brasil haviam-se incorporado a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Formara-se a
“Grande República do Paraná”, graças à energia do rio.
Da ficção à realidade, Brasil e Paraguai construíram a hidrelétrica de
Itaipu em 1980, então a maior do mundo, no rio Paraná; e os Esatdos Unidos
elegeram o seu presidente negro, Barack Obama, em 2008.
O rio Paraná tem 400 quilômetros no Estado do Paraná, estabelecendo a
divisa com Mato Grosso do Sul e a fronteira com o Paraguai. E é no trecho
paranaense que se torna mais impressionante. A partir do ponto em que recebe o
Paranapanema, o Paraná tem muitas ilhas e se alarga, de três a quatro km para
12 a 14 km no trecho entre Porto Camargo e a foz do Piquiri. A constatação é do geólogo Reinhard
Maack, autor da “Geografia Física do Estado do Paraná”, publicação fundamental.
Mas o trabalho de Maack é anterior à construção da hidrelétrica de
Itaipu, que causou alterações no curso do rio. O represamento fez desaparecer
Sete Quedas, em Guaíra, “uma das maiores cachoeiras do mundo”, comparou Maack.
No canal de 60 a 80 metros de largura ao longo de 54 quilômetros, a vazão em
Guaíra chegava a 70 mil metros cúbicos por segundo.
As bacias dos rios paranaenses que correm para o leste, indo desembocar
no oceano, totalizam 14 mil e 600
quilômetros quadrados. Constituem a bacia do Oceano Atlântico. Os rios
que correm para oeste formam a bacia do rio Paraná, que abrange mais de 80% da superfície estadual. Com 186,3
mil quilômetros quadrados no Estado, a macrobacia se compõe de oito bacias
principais: Iguaçu, Paranapanema, Itararé, Cinzas e Laranjinha em conjunto,
Pirapó, Piquiri, Ivaí e Tibagi. Relacionam-se também pequenas bacias.
O Itararé e o Paranapanema nascem no Estado de São Paulo e fazem divisa
com o norte do Paraná. O Iguaçu tem as nascentes na Serra do Mar, se faz
notável já nas cercanias de Curitiba e por um trecho menor se divide com o
Estado de Santa Catarina. Portanto, são tês rios de divisa.
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