O Tibagi na aventura
de Reinhard Maack
Distrito de Harmonia, em Telêmaco Borba
Ponte Rio Tibagi, na rota Ponta Grossa a Reserva
O geocientista
Reinhard Maack (1892-1969), uma das personalidades mais importantes do Paraná,
vinculado ao Estado desde o seu trabalho inicialmente no Alto Tibagi, fora pesquisador
de missões alemãs na África, Oriente Médio e Antártida antes de vir ao Brasil
pela primeira vez, aos 31 anos de idade. Permaneceu de 1923 a 1927, contratado pela Companhia Paranaense de
Mineração e Colonização, operando no Vale do Tibagi e no oeste de Minas Gerais;
depois, a serviço da Companhia Brasileira de Carvão e Ferro, do Rio de Janeiro.
Maack retorna ao
Brasil em 1930, contratado pela Companhia Agrícola e Florestal e Estrada de
Ferro Monte Alegre, para medir a fazenda e avaliar o potencial diamantífero do
rio Tibagi. Após a falência da empresa, em 1932, ele ainda mora numa das três
casas que possui à margem do Tibagi e fornece a Samuel Klabin informações
técnicas sobre a Fazenda Monte Alegre.
Nos próximos anos, aprofunda o interesse pela geologia, a fisiografia,
os solos e a vegetação paranaenses, por vezes auxiliado financeiramente pela
Sociedade Germânica de Pesquisas.
Já representando importadoras alemãs de
madeiras e minérios, Maack é preso em 1942, sob suspeita, porque o Brasil havia-se
declarado em guerra com a Alemanha. Mas, além de não ser espião, Reinhard é
proprietário e tem uma filha brasileira. O interventor Manoel Ribas manda
libertá-lo, em 1944, e o convida a trabalhar para o Estado e ele ingressa no
Museu Paranaense e no Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas.
Professor da
Universidade do Paraná desde 1946, ele recebe a cidadania brasileira em 1949.
Os 12.800
quilômetros de perfis geológicos e geográficos, paralelamente à distribuição
florística, levantados entre 1945 e 1953 por Maack permitiram a feitura do
primeiro mapa fitogeográfico do Paraná, uma visão geral da cobertura vegetal,
sua extensão, classificação, desmatamento até 1950 e as consequentes
transformações. Na década de 50, Maack obteve o doutorado na Universidade de
Berlim, continuou a estudar o Paraná, organizou expedições à América e África e
representou o Brasil em congressos internacionais.
Permaneceu 46 anos
no Paraná, até morrer. Sua bibliografia abrange mais de uma centena de
publicações.
“A Geografia
Física do Estado do Paraná, publicada em 1968, constitui a última
demonstração de força do incansável Maack. Ele, que havia escrito contribuições
de fôlego para a geografia física do Paraná, ao invés de reunir os seus
trabalhos anteriores ao livro, recomeçou uma tarefa como se fosse da estaca
zero”, observa Aziz Ab'Sabber, professor titular de Geografia Física da
Universidade de São Paulo (USP) e autor de O relevo brasileiro e seus
prolemas (1964) entre outros estudos.
Na sua busca constante, em 1961 Maack ainda
descobre a última tribo indígena em estado primitivo no Estado, os xetás.
Habitavam na Serra dos Dourados, entre os rios Piquiri e Ivaí. Na madrugada de 26 de agosto de 1969,
Reinhard Maack morreu, teve um infarto do miocárdio.
O interventor
“Mané
Facão”
Manoel Ferreira
Ribas, que governou o Paraná por mais tempo, também é personalidade do Alto
Tibagi, pois nasceu em Ponta Grossa, a 8 de março de 1873, de uma tradicional
família. Tornou-se fazendeiro em Castro, mas ganhou notoriedade em Santa Maria,
Rio Grande do Sul, na condição de
administrador da cooperativa dos ferroviários, que transformou em
empresa, e no cargo de prefeito municipal.
E lá estava quando
Getúlio Vargas o nomeou interventor da Revolução de 30 no Paraná. Assumiu em 30
de janeiro de 1932 e permaneceu até 3 de novembro de 1945. Conhecido por “Seu
Ribas” e “Mané Facão”, tal o rigor com que agia, ele interiorizou as ações
públicas. A Indústria Klabin em Monte Alegre e a colonização de Londrina, pela
Companhia de Terras Norte do Paraná, caracterizaram parcerias público-privadas.
Manoel Ribas morreu em 28 de janeiro de 1946.