(7
de outubro de 2013 – Widson Schwartz.)
Matas ciliares e vigilância, o déficit na proteção ao rio.
Conforme dados
mencionados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), só 3,8% da bacia do Tibagi são ocupados por florestas e a vegetação secundária estende-se por 27,6%. O reflorestamento está em 9,4% e as pastagens, em 18,1%. A maior extensão é ocupada pela agricultura – 40,1%. O rio está bem menos contaminado, mas a tão desejada proteção ainda não existe.
Fatos relevantes: a expansão do controle biológico de pragas, pela Embrapa-Soja, e a consolidação do plantio direto atualmente em cinco milhões de hectares no Paraná, 80% da área de grãos. Em abril passado, o pioneiro do método, Herbert Bartz, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Londrina UEL).
O plantio direto evita movimentar o solo; colhe-se uma cultura. planta-se outra sobre a palha, sem o
deslizamento para o rio. Já o controle biológico diminui o uso de agrotóxicos. Mas o
alcance dessas tecnologias não é total na bacia e o Tibagi permanece vulnerável
pela ausência de matas ciliares.
A proteção ribeirinha por matas menos degradadas está restrita a 200 quilômetros de margens, entre Ponta Grossa e Tibagi. Nos cursos médio e baixo os remanescentes são raros e há o represamento em Ortigueira. Conforme a projeção técnica, o rio necessita de reflorestamento ciliar com 100 metros de largura em cada margem; nas represas, faixas de 50 metros a partir das nascentes. Isso não existe, mesmo
que esteja em andamento a ação amenizadora do consórcio intermunicipal para a proteção da bacia.
No trecho do lago (84 km²) da Hidrelétrica Mauá distingue-se a água clara, provavelmente pela interdição das margens e atividade
agrícola menos intensa
anteriormente, por causa da topografia menos favorável. Marcos Albuquerque, da Expedição CBN, teve a “sensação de um lago de água parada” à primeira vista. O contraste aparece abaixo da represa,
um trecho água turva em períodos de chuva. “Quando chove o Tibagi tem muito assoreamento, a água fica totalmente barrenta”, observa Marcos. “E lá, no lago, a gente pegou chuva e a água estava limpa.”
O Consórcio Intermunicipal para a Proteção Ambiental da Bacia do Rio Tibagi – Copati – surgiu em 1989, com a participação de instituições particulares e de empresas. Iniciativa pioneira, contribuiu também para a legislação estadual no setor. “Nesse período todo de 24 anos, teve uma série de ações ambientais na bacia com relação ao plantio de mais de um milhão árvores; repovoamento de peixes, pesquisa, coleta seletiva”, informa o secretário-executivo, Janderson Marcelo Canhada.
“A qualidade da água de 1989 para cá melhorou. Mas está longe do ideal”, prossegue Canhada, responsabilizando “o IAP, a Sema Paraná e respectivos órgãos, que, via de regra, exercem uma fiscalização deficiente, por falta de fiscais, equipamentos”.
IAP aponta o rigor
nos licenciamentos
Antes de se
formar o lago da hidrelétrica, pesquisadores da UEL constataram metais pesados
(cádmio, cobre e mercúrio) em peixes, com índices acima dos permitidos. Vinham,
provavelmente, da mineração desativada.
O Instituto
Ambiental do Paraná (IAP) julga ter chegado a um controle aceitável do setor
industrial na bacia. “Acredito que todos os cuidados que a gente está tendo com
licenciamentos de grandes empreendimentos, Cargill, Klabin, Castrolanda e
outras empresas no sistema de tratamento, é para que não haja uma contaminação
na forma que se tinha no Tibagi anteriormente”, afirma o presidente, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.
A preocupação mais
recente se deve “a uma carga um pouco pesada de fósforo”, segundo Mossato, que
ainda não tinha um estudo detalhado quando informou. “Não sabemos ainda se é do
setor agrícola, do setor industrial. O que precisa é se fazer um estudo detalhado, projetar, e é o que a
gente está buscando para (…) definir aonde e que está tendo este aumento de
fósforo”, disse.