Indústria vai atenuar
os desníveis de renda
Fazenda Bonanza - Ortigueira - PR
Usina Presidente Vargas - Telêmaco Borba - PR
Usina Mauá -Telêmaco Borba - PR
Os municípios no
Médio Tibagi são os que menos cresceram economicamente em todo o curso do rio,
à exceção de Telêmaco Borba. Mas o fator da exceção, a Indústria Klabin, será
também o de melhoria de renda nas outras comunidades, pelo que distribuirá a
fábrica de celulose a ser implantada em Ortigueira.
Em 9 de maio passado, o Governo do Estado e a
Klabin reafirmaram que a construção da nova fábrica terá o início em 2013, para
ficar pronta em 2015. Ocupará 8.500 trabalhadores durante a construção e dará
1.400 empregos fixos quando começar a produzir, com a previsão de 1,5 milhão de
toneladas de celulose/ano. O investimento será de R$ 6,8 bilhões.
Por um método diferente,
50% do ICMS que a indústria em Ortigueira gerar serão distribuídos em partes
iguais aos 12 municípios fornecedores de matéria-prima. É o contrário da
concentração em Telêmaco Borba, sede da empresa hoje. “Não faz sentido ter um
município quase rico e muitos outros pobres em volta, é uma insensatez, herança
do Brasil antigo”, disse Fábio Schvarstman, presidente da Klabin
Em Ortigueira, que
já compartilha os royalties pagos pela Hidrelétrica Mauá, a expectativa é de
que a indústria contribua para “melhorar muito a cidade, além dos empregos que oferecerá”, diz
a prefeita, Lourdes Bannach. O município já mantém cursos profissionalizantes,
observa Lourdes, indicando que terá gente habilitada para concorrer aos empregos
da futura indústria.
Grandes distâncias
e orçamento curto impõem a Ortigueira dificuldades enormes, ainda que haja o
acréscimo de R$ 2 milhões anuais pagos pela hidrelétrica. “Os royalties ainda
estão muito poucos, essa usina reassentou muitas famílias e agora temos de
conservar as estradas”, expõe a Prefeita. “Tivemos de abrir várias linhas de
alunos que antes não tínhamos. Então, esses royalties, um tanto deles, é para
cobrir este valor.” Quando Lurdes deu a entrevista, a Câmara Municipal ainda
não havia autorizado a compra de máquinas, “infelizmente a agente vai ter de
locar, tenho só duas patrolas para
atender toda essa área”.
Pelo censo do IBGE
em 2010, das 17.100 pessoas economicamente ativas em Ortigueira 11.600 estavam
ocupadas, mais da metade na agropecuária. A renda per capita atingiu naquele
ano R$ 11.700, pouco acima de 50% da média paranaense. Segundo a Prefeita, há
4.700 famílias cadastradas no programa Bolsa Família, das quais 2.770 recebem o
benefício.
Mauá, um nome
em dois lugares
Construída entre
2009 a 2012, a Hidrelétrica Mauá se denomina em homenagem a Irineu Evangelista
de Sousa, o Visconde de Mauá (1813-1889), maior empreendedor brasileiro no
tempo do Império. Inaugurou em 1854 a primeira ferrovia no Brasil, a
Rio-Petrópolis, e suas iniciativas
abrangeram diversos setores, por vezes associado a estrangeiros.
A exploração do
Vale do Tibagi por Thomas Bigg-Wither, em 1874, foi patrocinado por uma das
empresas do Visconde de Mauá.
Salto Mauá é onde a
Klabin construiu a Hidrelétrica Getúlio Vargas, inaugurada solenemente pelo
próprio Getúlio em 1953. Ampliada recentemente, faz parte do empreendimento que
começou em 1934 na Fazenda Monte Alegre e se transformou na maior fábrica de
papéis do Brasil e uma das 10 maiores integradas de papel e celulose do mundo atualmente. Cessou a produção de papel-jornal em 2003,
desde que fora a pioneira em 1947, quando o Brasil dependia de importações.
Voltando-se para as
novas necessidades de mercado, a Klabin se renovou constantemente e concluiu a
maior expansão em 2008. Conforme a empresa, a ampliação da fábrica e da
hidrelétrica em Telêmaco Borba envolveu 21 mil profissionais, com investimentos
de R$ 2,2 bilhões, R$ 300 milhões em
meio ambiente. A indústria dobrou a
produção de papel cartão e elevou para 70% a geração própria de energia.