(6 de setembro de 2013 – Widson Schwartz.)
A inigualável “fronteira urbana” onde o poder de atração continua.
“Pela ação fulminante no Norte do Paraná, os pioneiros mudaram em 20 anos a geografia do café no Brasil e instalaram aqui as bases do mais denso celeiro alimentar do país”, expôs Omar Mazzei Guimarães, presidente da Associação
Rural de Londrina em 1967, tendo sido ele personagem. Referia-se ao modelo de pequenas e médias propriedades,
que não impedia as culturas temporárias.
A monocultura cafeeira ocorreu no pós-guerra. Com a
ocupação inteira da região cafeeira, em 1970, o Paraná evoluiu de apenas 49
municípios em 1940 para 288 (+ 487%). No período 1940-1970, a população do
Estado saltou de 1,2 milhão para 6,9 milhões de pessoas (+ 475%).
E do total, 51,3%
ocupavam 67 mil km ² no norte/noroeste, apenas um terço da superfície
estadual.
Aonde
“500 mil colonos de muitas nacionalidades estabeleceram, em poucos anos, uma
das mais ricas zonas cafeicultoras do mundo”, Londrina se converteu na
inigualável “fronteira urbana”. A rápida
povoação é o tema da reportagem de Harold Martin publicada em 1952 pelo The
Saturday Evening Post (“O Correio de Sábado à
Noite”), o semanário de maior circulação nos Estados Unidos à época. Na Terra
que Cheira a Dinheiro ― o título
da reportagem ― Martin viu semelhança com a
marcha para o oeste americano.
E
Londrina caracterizava a “fronteira urbana cujo poder de atração não cessaria”,
em se usando, por analogia, o conceito de Claude Fohlen sobre cidades a
partir da Lei do Homestead (a propriedade familiar), em 1862, que determinou a
ocupação do far-west dos Estados Unidos em menos de cinquenta anos.
Com 84 anos de fundação e 79 do
município, Londrina tem 537 mil habitantes, 97,4% urbanos, quarta maior população
ao sul do país. À exceção das cidades projetadas para serem capitais,
construídas com o dinheiro público, nenhuma outra cresceu tanto e se modernizou
igual a Londrina no mesmo tempo.
Apesar de grandes perdas no
período mais recente de 25 anos com a sucessão de péssimos prefeitos, Londrina
cresce. É o segundo município do Paraná, pelo conjunto de fatores, com produto
interno bruto (PIB) de R$ 9,9 bilhões em 2010 e renda per capita de R$ 19.612.
Em desenvolvimento humano (IDH), 0,778, é o sexto no Estado. Orçamento da
Prefeitura: R$ 1,2 bilhão, para 2013. Com 1.656 km², é o quinto município
paranaense em extensão.
“Filha de Londres
e capital do café”
A Companhia de Terras Norte do Paraná
(CTNP), do grupo de investidores ingleses liderados por Simon Joseph Fraser,
lorde Lovat, compra 515 mil alqueires de concessionários que mantinham áreas
para reserva de valor e de posseiros. Com a titulação definitiva pelo Estado,
funda o Patrimônio Três Bocas, em 1929.
Muda-se o nome do
patrimônio, em 1932, para Londrina,
como as filhas de Londres, sugestão do único sócio brasileiro e então
presidente da Companhia, o advogado João Sampaio. Percalços no início: a recessão mundial causada pela quebra da Bolsa de Nova York
em 1929 e no Brasil, as revoluções de 1930 e 32. Instala-se o município em 10
de dezembro de 1934, sendo prefeito o ponta-grossense Joaquim Vicente de
Castro, enviado da capital. Executivos da colonização: Arthur Thomas e Willie
Davids, a seguir o primeiro prefeito eleito, em 1935.
Na segunda metade da década, a febre amarela
silvestre, a malária e a febre tifóide matam dezenas de pioneiros. De positivo,
a inauguração da ferrovia em 1935 viera permitir a exportação agrícola,
melhorando a renda.
No pós-guerra, a valorização do café determina a ampliação do plantio
além da área da CTNP e Londrina passa a ser polo de toda a região cafeeira do
Paraná: 71 mil km². Em 1952, ocupa o 15.º lugar em arrecadação de impostos
entre os municípios brasileiros incluindo sete capitais. Diariamente, chegam e
partem 10 mil pessoas em 100 aviões e 260 ônibus.
Surgira a nova
“capital do café”.