Em Jataí, 85% da extensão
e quase o volume máximo
O Tibagi corre por 78 quilômetros de Jataizinho até desembocar no Paranapanema
Descendo de 450 metros de altitude até 298 na foz, o curso inferior do Tibagi alterna pelo menos 17 corredeiras e cachoeiras mais imponentes com águas navegáveis. As corredeiras têm velocidade média de 3,20 metros por segundo e o panorama de ilhas a partir da foz do rio Taquara, margem direita em Londrina, se estende por 48 quilômetros até Jataizinho.
O rio já percorreu 454 quilômetros mais de 85% da extensão total, e está próximo do maior volume. São referências ainda hoje as medições no período 1931-1956 em Jataizinho, assinaladas por Reinhard Maack na Geografia Física do Estado do Paraná. Na época de chuvas: volume normal = 334,76 m³ por segundo; volume máximo = 582,88 e mínimo, 182,66. Em período de seca: normal = 232,42
m³ por segundo; máximo = 445,80 e mínimo 132,48.
Por causa das cheias, a vazão máxima aumentou seis vezes aproximadamente, 3.329 m³ por segundo, em 13 de janeiro de
1937; e 3.943 em 18 de novembro de 1937. Consta, também, a excepcional vazão mínima: apenas 39,2 m³ por segundo, em novembro de 1934, que se repetiu em maio e agosto de 1935.
A luxuriante floresta de outrora contribuía para a regularidade das chuvas, fazendo o rio transbordar, quase impedindo a navegação, constatou Thomas Bigg-Wither em julho de 1874. Regressando do Paranapanema, com Telêmaco Borba e dois índios remadores, numa piroga, “levamos cinco horas para subir uma milha de corredeira [no Tibagi], tão grande era a força (…) aumentada contra nós”, escreveu. Com dois dias a mais, ainda estavam a sete milhas de Jataí. “Parecia, contudo, impossível levar a canoa mais cem jardas à frente, pois o rio aumentava com o tributo trazido por milhares de pequenas 'barras', onde derramavam as suas águas barrentas os morros adjacentes, e agora se tornava furiosa a torrente.”
Contudo, avançaram até a margem, três milhas acima, e prosseguiram a pé, por uma picada “que levava reto da beira do rio a Jataí”. Regressaram em “boa hora, pois nos sete dias que seguiram o rio subiu mais 15 pés, a maior enchente que se conheceu desde 1859. E lavou o alto das margens, que tinham que tinham 33 pés acima do nível normal do rio, extravasando para esquerda e direita até a vila, em mares de água turbulenta”.
Já o historiador capuchinho frei Adelino Frigo menciona uma enchente na década de 1890: “o Tibagi desapareceu e em seu lugar apareceu um mar”, tal o alagamento. E esse mar “engoliu inteiramente a Colônia Militar do Jataí, na margem direita, e parte do Aldeamento São Pedro de Alcântara”, na margem oposta.
De Jataí à foz,
último trecho
O Tibagi corre por
78 quilômetros de Jataizinho até desembocar no Paranapanema. E assim totaliza a
sua extensão, caculada entre 531 e 550
quilômetros. Conforme os engenheiros alemães Joseph e Franz Keller, contratados
pelo Governo da Província em 1865, “a largura, a profundidade e o leito mudam
continuamente”, principalmente nas corredeiras.
Na época de “águas
baixas”, a largura é variável de 100 a 900 metros; repartido por ilhas, o rio
“espraia-se demasiadamente”, de 700 a 1.000 metros. Eles constataram a maior
profundidade, nove a dez metros, ao passar pela parte mais baixa do vale, talvegue
ou fundo do vale. No curso médio a profundidade era de dois a quatro metros. E
nos trechos navegáveis: dois metros. “Nos tempos das águas baixas sua navegação se torna penosa em vários pontos.” Sempre navegável abaixo de Jataizinho, porém, indicam registros históricos.
Na foz (ou a
barra), o Tibagi tinha 205 metros de
largura e profundidade de 2,50 metros no canal. Atualmente é difícil saber onde
desemboca, tão espraiado se encontra, desde o represamento do Paranapanema em
1975, para funcionar a Hidrelétrica Capivara.