(8 de agosto de 2013 – Widson Schwartz.)
Jataizinho, marco de transformações.
A origem de Jataizinho foi a Colônia
Militar do Jataí, estabelecida em 10 de agosto de 1855, no fim da picada que o
Barão de Antonina mandou abrir pelo sertão do Tibagi até o ponto mais navegável
do rio. São mencionadas duas finalidades iniciais: 1 – entreposto de transporte
até Mato Grosso pela interligação dos rios Tibagi, Paranapanema, Ivinhema e
Brilhante; 2 – forçar os índios ao confinamento e permitir a colonização.
Veio a ser
estratégica durante a Guerra do Paraguai, que começou em 1864 com a invasão de
Mato Grosso. Jataí, paragem de tropas brasileiras com destino às frentes de
combate. A guerra termina em 1870 e a Colônia é elevada a freguesia em 12 de
abril de 1872, sendo padroeira Nossa Senhora da Conceição.
O nome é o de uma
árvore majestosa: jataí, também conhecida por jatobá. Após a guerra, a
comunidade entra em decadência e com a República perde completamente o caráter.
Em 1923 o comissário de terras Mábio Palhano relata que
a Vila de
Jataí tem apenas um estabelecimento comercial e suas poucas casas, todas de
taipa, serão desmanchadas por ordem da autoridade sanitária, a fim de se
erradicar o transmissor da doença de chagas.
Mas, em 1929, o
início da colonização de Londrina, na margem esquerda do Tibagi, determina uma
transformação: para ter o Estado próximo do empreendimento, o governador Afonso
Alves de Camargo cria, em 14 de março de 1929, o município de Jataí, que
abrange os 515 mil alqueires a serem
vendidos pela Companhia de Terras Norte do Paraná. Sede municipal e suporte de
serviços da frente pioneira, Jataí progride social e economicamente.
Instala-se a
comarca em 9 de julho de 1932 e a estação ferroviária é inaugurada em 5 de
maio. Os pioneiros rumo ao Norte Novo desembarcam do trem e seguem de
jardineira até Londrina; a travessia do rio é por balsa. A ponte ferroviária no
rio, com 294 metros e 3,30 metros de largura, fica pronta em 1935, inaugurada
com o tráfego de trens. Veículos automotores continuarão a depender da
balsa até que seja construída a
ponte rodoviária, com 540 metros, na
segunda metedade da década de 40.
O fluxo de gente
cada vez maior para o Norte Novo, a emancipação de Londrina (1934) e a
incidência de malária interrompem o crescimento de Jataí, que ganha a fama de
“cidade maleitosa”. Após as cheias do Tibagi, os alagados nas margens dos
afluentes eram focos de larvas do transmissor da malária, vulgarmente conhecida
por maleita. Conforme o médico
contemporâneo João Dias Ayres, “a região era malarígena, e a sua população
vítima de epidemias que se prolongavam de uma a outra estação chuvosa”.
Não havia DDT (o
inseticida), nem o Serviço Nacional de Combate à Malária e o sanitarista Júlio Moreira, designado pelo interventor
no Estado, Manoel Ribas, sugeriu “simplesmente que o governo mudasse a cidade
para longe do rio Tibagi”. Proposta não aceita.
O diminutivo
que incomoda
Em 30 de dezembro de 1943, extingue-se o
município de Jataí. O nome é mudado para Jataizinho, agora distrito de Assaí. A
mudança de nome se deveu à precedência de Jataí em Goiás.
Numa
“reviravolta”, é criado em 10 de outubro de 1947 o município de Jataizinho. Em
1955, numa tentativa de extirpar o diminutivo, comemora-se o centenário do
lugar com o nome Jataí de Alcântara, extraoficialmente, evocando o imperador
Pedro de Alcântara (D. Pedro II), associado também ao aldeamento indígena que
existiu na margem esquerda do rio. Não houve força política para oficializá-lo
e até hoje há quem queira a mudança.
Atualidade: na
composição do PIB – R$ 111,9 milhões em 2010 – as contribuições dos serviços e
da indústria superam a agropecuária. Entre os menores municípios, Jataizinho
tem 161,9 km² e 11.958 habitantes, um dos poucos no Norte Velho que aumentou a
população (+ 8,8%) desde 1970. Renda per capita baixa: R$ 9.443,00.