sexta-feira, 3 de maio de 2013


Da visita presidencial à produção
de papel-jornal em Monte alegre



 Teleférico - Telêmaco Borba






            Licenciado pelo governo federal, o engenheiro Luiz Augusto da Silva Vieira comanda a implantação da indústria de papel em Monte Alegre, onde o presidente da República, Getúlio Vargas, e o interventor no Paraná, Manoel Ribas, chegam ao entardecer de 25 de janeiro de 1944. Caracteriza-se uma parceria público-privada, que atingirá o objetivo em 1947. 
          Recebidos com banda de música ao desembarcar do avião presidencial, Vargas e Ribas dão por inaugurada a recém-ampliada pista de pouso, com 950 metros, e são levados ao Hotel Lagoa, cheirando a madeira nova, com luz elétrica (gerada por locomóvel) e quartos com banheiros privativos. O presidente dormirá na residência de Vieira, seu amigo, e a comitiva permanecerá quatro dias em Monte Alegre.
          Submarinos alemães tinham afundado navios mercantes e só uma máquina de celulose havia chegado completa, cuja montagem por um técnico norte-americano o Presidente acompanha. Está em montagem na hidrlétrica a primeira unidade geradora (14.500 KVA) e avança a construção da fábrica,  despontando a maior chaminé da América Latina: 96 metros de altura.
           Prevista para 1943, a produção de celulose começa em 1945, experimentalmente, e se torna regular em junho de 1946. 
          Março de 1947: a Klabin está produzindo papel para a imprensa, “após vencer dificuldades e resolver problemas julgados insuperáveis”. Celebração mais genuína se dá em 27 de setembro de 1947: “Toda a edição de hoje do Jornal do Comércio é (...) em papel nacional fabricado pelos industriais brasileiros Klabin e irmãos em sua grande organização de Monte Alegre”, informa o próprio jornal, editado no Rio de Janeiro e que está completando 120 anos. Pela efeméride,  parecia aos diretores do jornal ainda mais auspicioso ver o Brasil entre “os poucos países capazes de produzir em grande escala papel para a sua imprensa”.
           Inicialmente, Monte Alegre fabrica 60 toneladas de celulose-sulfito e 100 toneladas de papel-jornal por dia, industrializando entre seis mil e sete mil pinheiros por mês. E já entra na fase de reajustes de máquinas e outras correções que eliminem defeitos no papel-jornal apontados pela clientela. Em dois anos, embarca 10.500 toneladas de celulose, em 518 vagões; e 9.200 toneladas de papel em 517 vagões, usando a estação ferroviária em Piraí do Sul.
          Getúlio Vargas já não é o presidente da República, fora “derrubado”em 1945. Mas, em 1953, voltariá a Monte Alegre, no segundo mandato presidencial.

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