segunda-feira, 13 de maio de 2013


Do Ribeirão da Invernada
a Salto Mauá: panoramas

 Buraco do Padre, Ponta Grossa



 Estrada para Telêmaco Borba, PR-160, Rodovia do Papel


 Localidade de Harmonia, em Telêmaco Borba



          
Vila Quero Quero e Distrito Hartmann, município de Palmeira



          Entre a cidade de Tibagi e Salto Mauá (no município de Telêmaco Borba) são 104 quilômetros, que completam o curso superior do rio. O trecho é bravio, com 13 cachoeiras e meia dúzia de saltos, constatou o geólogo Reinhard Maack, indicando que são mais notáveis o Salto Grande da Conceição (15 metros de altura) e o Salto Mauá (28 metros), onde está a hidrelétrica da Klabin.
          As cachoeiras têm comprimentos entre 581 metros (Poço do Tigre) e 667 metros (Cachoeira Grande). Entre os afluentes no trecho: rios Alegre e Faisqueira, Arroio Quebra-Perna, rios Harmonia e do Capitão, na margem direita. E pela margem esquerda: rio Santa Rosa, Arroio da Conceição, o rios Imbaú e Imbauzinho.
          Ao longo do curso superior, 380 quilômetros desde a origem no Ribeirão da Invernada até Salto Mauá, o Tibagi desce de 1.060 metros para 533. A Expedição CBN constatou que no trecho inicial moradores de Ponta Grossa e cidades vizinhas têm o rio para o lazer.  “Na foz do Guaraúna, por exemplo, tem  muita gente que vai pescar, lá tem barcos a motor. É a parte do Tibagi que começa a ficar navegável”, observou Marcos Medeiros de Albuquerque. Acima, “antes de receber o rio do Salto, bem próximo ao Quero-Quero, o Tibagi é praticamente um riacho.”
          E bem mais abaixo, de Uvaia a Pintangui, se apresenta calmo e equilibrado, sem coredeirs e com as marens íngremes de arenito das Furnas”. Bravio a seguir, entrando pelo canyon ao norte do Pitangui.   
          O extrativismo, a pecuária, a agricultura mecanizada e o reflorestamento homogêneo com espécies exóticas modificam o panorama margeando o rio. “A parte que tem mais agricultura é saindo de Ponta Grossa até chegar ali perto de Tibagi”, relata Marcos Albuquerque. “De Tibagi para Telêmaco, já fica um terreno mais íngreme, então mais reflorestamento do que agropecuária,  e o que a gente nota é que a mata ciliar é inexistente ou muito pequena.”    
          O alto Tibagi já não recebe poluição industrial, mas não está completamente livre de esgotos urbanos e lixo. Tibagi e Telêmaco, urbanizações diretamente nas margens do rio, ainda apresentam deficit de coleta e tratamento de esgoto. Lixo doméstico e de atividades rurais são visíveis na correnteza lenta. Mas o índice é considerado tolerável por observadores.
          Em Telêmaco, José Carlos Santos, chefe da  Divisão de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação, lembra que a seca drástica no final de 2007 fez o rio baixar e expor a sujeira. “Pudemos ver que tem muita poluição no leito. Na medida do possível, o que a gente faz é recolher parte da siujeira, mas ainda tem muito esgoto de moradores ribeirinhos ligados na água”, segundo Santos.  “Eu posso que a condição do rio ainda é boa”, avalia.


Um outro convívio
da indústria e o rio
         
          Na década de 1940, acionar a grande indústria de papel sem  poluir o rio seria impossível. Gradativamente vieram as atenuantes do impacto. Com a legislação rigorosa e a disponibilidade de novas tecnologias de tratamento, a Klabin avançou a partir dos anos 70 e 80. E cessou a poluição do rio nas décadas seguintes.
          Arthur Canhisares, diretor industrial da empresa, fala de uma sadia integração atualmente. “A Fazenda Monte Alegre hoje é uma área de 271 mil hectares. Desses 271 mil, aproximadamente 110 mil são de áreas nativas e de preservação”, informa. “E 91% dessa fazenda está baseada na bacia do Tibagi. Então, a importância para nós do rio Tibagi  é muito grande”, conclui.
          E há o parque ecológico, com 11 mil hectares, “um cridouro científico” visitado por 30 mil pessoas anualmente, segundo Canhisares. “Então, é uma relação bastante intensa entre o parque e as comunidades aqui da região.”