terça-feira, 10 de setembro de 2013

(6 de setembro de 2013 – Widson Schwartz.)  

A inigualável “fronteira urbana” onde o poder de atração continua.




            Pela ação fulminante no Norte do Paraná, os pioneiros mudaram em 20 anos a geografia do café no Brasil e instalaram aqui as bases do mais denso celeiro alimentar do país”, expôs Omar Mazzei Guimarães, presidente da Associação Rural de Londrina em 1967, tendo sido ele personagem. Referia-se ao modelo de pequenas e médias propriedades, que não impedia as culturas temporárias. A monocultura cafeeira ocorreu no pós-guerra.   Com a ocupação inteira da região cafeeira, em 1970, o Paraná evoluiu de apenas 49 municípios em 1940 para 288 (+ 487%). No período 1940-1970, a população do Estado saltou de 1,2 milhão para 6,9 milhões de pessoas (+ 475%).
            E do total, 51,3% ocupavam 67 mil km ² no norte/noroeste, apenas um terço da superfície estadual.        
         Aonde “500 mil colonos de muitas nacionalidades estabeleceram, em poucos anos, uma das mais ricas zonas cafeicultoras do mundo”, Londrina se converteu na inigualável  “fronteira urbana”. A rápida povoação é o tema da reportagem de Harold Martin publicada em 1952 pelo The Saturday Evening Post  (“O Correio de Sábado à Noite”), o semanário de maior circulação nos Estados Unidos à época. Na Terra que Cheira a Dinheiro o título da reportagem Martin viu semelhança com a marcha para o oeste americano.
            E Londrina caracterizava a “fronteira urbana cujo poder de atração não cessaria”, em se usando, por analogia, o conceito de Claude Fohlen sobre cidades a partir da Lei do Homestead (a propriedade familiar), em 1862, que determinou a ocupação do far-west dos Estados Unidos em menos de cinquenta anos.
         Com 84 anos de fundação e 79 do município, Londrina tem 537 mil habitantes, 97,4% urbanos, quarta maior população ao sul do país. À exceção das cidades projetadas para serem capitais, construídas com o dinheiro público, nenhuma outra cresceu tanto e se modernizou igual a Londrina no mesmo tempo.
         Apesar de grandes perdas no período mais recente de 25 anos com a sucessão de péssimos prefeitos, Londrina cresce. É o segundo município do Paraná, pelo conjunto de fatores, com produto interno bruto (PIB) de R$ 9,9 bilhões em 2010 e renda per capita de R$ 19.612. Em desenvolvimento humano (IDH), 0,778, é o sexto no Estado. Orçamento da Prefeitura: R$ 1,2 bilhão, para 2013. Com 1.656 km², é o quinto município paranaense em extensão.    

“Filha de Londres
e capital do café”

            A Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), do grupo de investidores ingleses liderados por Simon Joseph Fraser, lorde Lovat, compra 515 mil alqueires de concessionários que mantinham áreas para reserva de valor e de posseiros. Com a titulação definitiva pelo Estado, funda o Patrimônio Três Bocas, em 1929.     
            Muda-se o nome do patrimônio, em 1932, para  Londrina, como as filhas de Londres, sugestão do único sócio brasileiro e então presidente da Companhia, o advogado João Sampaio.  Percalços no início: a recessão mundial causada pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929 e no Brasil, as revoluções de 1930 e 32. Instala-se o município em 10 de dezembro de 1934, sendo prefeito o ponta-grossense Joaquim Vicente de Castro, enviado da capital. Executivos da colonização: Arthur Thomas e Willie Davids, a seguir o primeiro prefeito eleito, em 1935.
             Na segunda metade da década, a febre amarela silvestre, a malária e a febre tifóide matam dezenas de pioneiros. De positivo, a inauguração da ferrovia em 1935 viera permitir a exportação agrícola, melhorando a renda. 
            No pós-guerra, a valorização do café determina a ampliação do plantio além da área da CTNP e Londrina passa a ser polo de toda a região cafeeira do Paraná: 71 mil km². Em 1952, ocupa o 15.º lugar em arrecadação de impostos entre os municípios brasileiros incluindo sete capitais. Diariamente, chegam e partem 10 mil pessoas em 100 aviões e 260 ônibus.

            Surgira a nova “capital do café”.