segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Pescador na ponte próximo ao aeroporto de Ponta Grossa

 Porto de areia em Ponta Grossa

No centro e ao norte                  
os rios da fertilidade - Widson Schwartz

          Acima da foz do Tibagi, o Paranapanema recebe o Itararé, que nasce na Serra do Paranapiacaba, ao sul de São Paulo, e da sua extensão, 300 quilômetros, a maior parte faz divisa com o norte do Paraná. Na margem paranaense, a bacia abrange 5.329 km², sendo maiores afluentes o Jaguaricatu e o Jaguariaíva. Ao desembocar no Paranapanema, tem 96 metros de largura.
          Itararé significa “pedra escavada” e corresponde à singularidade descrita no Vocabulário Tupi-Guarani Português (Éfeta Editora – 6.ª edição, 1998) organizado por Silveira Bueno: o rio desaparece da superfície e ressurge após percorrer quilômetros embaixo das rochas, no Estado de São Paulo. No município de Itararé, turistas podem ver o rio subterrâneo numa gruta. Já Salto do Itararé e Santana do Itararé são cidades paranaenses. 
          Outro afluente na margem esquerda (PR) do Paranapanema, o Rio das Cinzas tem a nascente no município de Jaguariaíva, centro-leste, e termina entre Itambaracá e Leopólis, no Norte Velho. Chega a ter profundidades acima de três metros e largura máxima de 198, na foz.
          A bacia do Cinzas abrange 9.766 km², não há registro da extensão total, provavelmente inferior a 300 quilômetros. Já se aproximando da foz, tem 240 quilômetros ao receber o Laranjinha, maior afluente, na margem esquerda. “Sertão do Laranjinha”, moda de viola de Tonico e Tinoco, refere-se ao rio Laranjinha. Conforme o depoimento de Tinoco em livro biográfico, é a história verídica de um desbravador que sobreviveu ao ataque de índios em lugar na margem do rio que, com o passar do tempo, se transformou em cidade, hoje Ribeirão do Pinhal.
          Já no Norte Novo, o Pirapó surge em Apucarana,  recebendo inicialmente os ribeirões do Campinho e do Lajeado, na margem direita. E vai desembocar no Paranapanema, em Itaguajé, onde se encontra a hidrelétrica de Taquaruçu. O maior afluente do Pirapó e o Bandeirantes do Norte, com a nascente em Arapongas e 106 quilômetros de comprimento.
          Existem 117 afluentes nos dois rios. Geralmente mencionados em conjunto, constituem a bacia de 5.132 km².
          Na década de 1920, a foz do Pirapó era referência para a transposição ferroviária do Paranapanema. Se a Companhia de Terras Norte do Paraná não mudasse o projeto, a colonização do Norte Novo começaria por ali.
          Os britânicos liderados pelo lorde Lovat constataram, na década de 1920, que os três rios eram os limites das terras mais férteis do mundo. Segundo o agrimensor contemporâneo Kepler Palhano, as expedições a serviço do grupo de Lovat recolheram amostras de solo a cada quilômetro. Enviadas a Londres, a análise revelou uma semelhança com o melhor adubo. Daí a fundação da Companhia de Terras Norte do Paraná, por eles.
          Em 1952, o repórter Harold Martin, dos Estados Unidos, concluiu que o Norte Novo paranaense havia “combinado as vigorosas incursões da corrida do ouro da Califórnia com a obstinada conquista das planícies do oeste americano”. Com o título “A terra que cheira a dinheiro”, Martin escreveu na revista The Saturday Evening Post, então com uma das maiores tiragens nos Estados Unidos.
                                                 Nomes vêm dos
                                                falares indígenas

          O tupi é a uniformização, pelos jesuítas, de vários dialetos indígenas e o guarani, dialeto do tupi. Tibagi vem do tupi-guarani e significa “Rio do Pouso” ou “Rio da Parada”
          Conforme Silveira Bueno, nem o tupi, nem o guarani tinham escrita, foram os missionários e exploradores que aprenderam, por necessidade de comunicação, “os falares dos indígenas e escreveram de acordo com os seus conhecimentos europeus dos sons”. Por isso existem diferenças de grafia “entre os escritos de missionários portugueses e espanhóis e muito mais ainda entre os de origem francesa ou alemã”.
          Um topônimo pode ter duas ou mais interpretações. Paraná ou paranã = rio grande ou rio caudaloso. Mas iguaçu também é rio grande. E Paranapanema = rio grande e inútil (pelo sufixo panema).  Ivaí = rio das frutas; Piquiri = rio dos piquiras ou dos peixinhos. Piquira = pequeno. Itararé = pedra escavada ou subterrâneo.
          Pirapó não está dicionarizado. Aproximações: pirapoã = peixe que empina; e Pirapora = lugar abundante em peixes.