segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Terra Nova - Pico Agudo
Foz do Rio Apucaraninha

Panorama da Serrinha
encantou D.Pedro II a
caminho de Palmeira  -  Widson Schwartz

            O panorama nas cercanias da nascente do rio Tibagi fascinou o imperador Pedro II, aonde “a terra parece uma esmeralda sem fim e o céu uma safira infinita”: o cume da Serrinha. Isto em 25 de maio de 1880.  Os adjetivos constam na reportagem do Jornal do Comércio, editado no Rio de Janeiro. Suas Majestades Imperiais, Pedro II e Teresa Cristina, permaneceram trinta minutos na Serrinha e o Imperador faz anotações, “extasiado ante a prodigiosa natureza da Província do Paraná”.
É onde começam os Campos Gerais, situados entre o curso superior do Tibagi e o Rio das Cinzas, na largura de 396 quilômetros de sudeste para nordeste. Em carruagens e a cavalo  a comitiva imperial seguia de Campo Largo a Palmeira, com passagem por São Luiz do Purunã, onde almoçou.
          Pelo roteiro da visita de D. Pedro II, Palmeira “é a primeira povoação que se encontra depois da Serrinha” e lá reside a Baronesa do Tibagi, de quem Suas Majestades serão hóspedes.
          O gentílico de quem nasce em Palmeira é palmeirense. Credita-se a origem da povoação a uma paragem de tropeiros no longo Caminho entre Viamão (RS) e  Sorocaba (SP), onde consolidou-se, em 1833, a Freguesia Nova, transferida das proximidades de Campo Largo pelo padre Antônio Duarte dos Passos. A área havia sido doada por famílias e passou a se denominar Palmeira, porque havia muita palmeira; segundo uma versão, o lugar era conhecido por Capão da Palmeira. Lei provincial criou o município em 1869, desmembrado de Ponta Grossa.
          “A viagem de Curitiba a Palmeira, através de extensos  pinheirais, que são as matas cerradas da frondosa araucária (...), foi realmente encantadora”, segundo Ernesto Matoso no livro Coisas do Meu Tempo. Descreve a guarda de honra, por mais de 200 cavaleiros, em sua maioria comerciantes da capital, vistosamente uniformizados. E atrás da guarda, carruagens cada vez em maior número, pelas adesões ao longo do caminho. O Jornal do Comércio informa que, uma légua antes de Palmeira,os animais do carro imperial foram substituídos por quatro cavalos brancos enfeitados com as cores nacionais, enviados pelo conselheiro Jesuíno Marcondes.
          O Paraná tinha apenas 150 mil habitantes quando recebeu D. Pedro II e nos Campos Gerais estavam os mais ricos fazendeiros. Suas Majestades imperiais chegam a Palmeira em 25 de maio de 1880, às 17 horas, hóspedes da  Baronesa do Tibagi. Chamava-se Cherubina Rosa Marcondes de Sá, viúva de José Caetano de Oliveira, Barão do Tibagi.
          Posteriormente à visita, o Imperador concederia a ela o título de Viscondessa do Tibagi, em reconhecimento à hospitalidade. Era mãe do palmeirense Jesuíno Marcondes, advogado que havia sido deputado à primeira Assembleia Legislativa Provincial, deputado federal, ministro da Agricultura, Comércio e Obras do Império (1864-1865) e vice-presidente da Província. Recebeu do Império o título de conselheiro.   
                                                     Uma parada no Tibagi     
            Viajando de Palmeira a Ponta Grossa, no dia 26 de maio de 1880, D. Pedro II e seus acompanhantes chegam ao rio Tibagi. “Ponta Grossa, situada num dos pontos mais elevados dos Campos Gerais, apresenta-se graciosa ao viajante desde à distância de 20 quilômetros”, informa o Jornal do Comércio.
          Conforme a notícia, antes de chegar à cidade Suas Majestades “pararam por algum tempo sobre a ponte do rio Tibagi, para admirar o lindo panorama que dali se descortina. Tem a ponte cerca de 500 palmos de comprimento e é toda de madeira da Província”. Desde 1865 o governo provincial tinha o prospecto do rio pelas medições dos engenheiros Keller e, assim, o jornal acrescentou informações: “O Tibagi nasce na Serrinha e vai desembocar no Paranapanema, correndo (…) 528 quilômetros (…) mais ou menos”.