quinta-feira, 19 de setembro de 2013

(19 de setembro de 2013 – Widson Schwartz.)       


Tibagienses e ingleses na origem de Tamarana



         Na margem esquerda, entre os afluentes Apucaraninha e Apucarana, o município de Tamarana tem menos de 20 quilômetros beirando o Tibagi e nesta série de reportaens é o último dos 19  atingidos diretamente pelo rio. Situa-se na transição de norte para o sul, aonde começaram a chegar safristas e garimpeiros de Tibagi, São Jerônimo e Ortigueira, por volta de 1920. Safrista, o criador de porcos extensivamente.
         Evaristo Camargo, Francisco Moraes e Ibrahim Gerbes entre outros fundam a Vila de São Roque, origem de Tamarana, então no município deTibagi, e o médico Gustavo Avelino Corrêa inicia a formação da primeira fazenda na região em 1928, conforme a divisão judicial da Gleba Fazenda Três Bocas, que inclui outros condôminos. Os pioneiro, devotos do santo, ergueram a capela para a imagem.
         Caracteriza-se uma extensão da cultura tibagiense, até pela presença de ingleses. O prefeito, Leopoldo Mercer, influi para que o Congresso Legislativo estadual aprove a criação do distrito judiciário de São Roque, instalado em 20 de março de 1930, com a posse do escrivão Arlindo Araújo, procedente de Lajeado Liso (atualmente  Sapopema).  
         O prefeito Mercer descendia do primeiro inglês em Tibagi, mencionado por Thomas Bigg-Wither em junho de 1874. Aquele Mercer que se estabelecera “há pouco mas tinha prosperado tanto que já estava quase noivo da filha de um dos fazendeiros mais ricos da vizinhança”. Do casamento nasceria o futuro político e sertanista Edmundo Alberto Mercer.
         E outros ingleses chegaram à Fazenda Inhô-Ó, em São Jerônimo, um dos quais se dedicou ao garimpo no rio. Em 1935, padre Carlos Probst tem uma surpresa em São Roque: a menina de cabelos loiros, filha do inglês Guilherme Chaman, “coisa rara na região, mas explicada pela descendência do pai”.  Prosseguindo viagem, conhece um Dopplins e um Mercer. “Também a água que corria na baixada dos pastos, limpa como se fosse de mina, recebera o nome de Ribeirão dos Ingleses”, anotou padre Probst. Curioso quanto à procedência deles, “como vieram a este fim de mundo”, Probst “soube que havia antigamente na cidade de Tibagi um empresa de garimpeiros em mãos de ingleses, e daí se esparramaram pela zona sul”. Com uma ressalva: “Quanto há de verdade nisso, não pude verificar”.
         Desde 1934 a comunidade católica de São Roque estava vinculada à paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Londrina, razão da presença de Carlos Probst, mais tarde historiador palotino. Em 1938, São Roque e toda a região ao sul do ribeirão Três Bocas passam a integrar o município de Londrina.
         A mudança de nome se dá em 1943: Tamarana, que se relaciona à reserva indígena na área. Sugestão da  Empresa dos Correios e Telégrafos pra se diferenciar de São Roque no Estado de São Paulo. Segundo o Aurélio, Tamarana ou cuidaru é instrumento de madeira usado por índios, espécie de clava chata e esquinada.
         Em 1952 Tamarana distrito é anexado ao recém-criado município de Marilândia; a população reage e, por plebiscito, impõe a reintegração a Londrina.
         Proposta inicialmente em 1965, a emancipação se dá em 1995, após dois plebiscitos. Instala-se o município de Tamarana em 1º de janeiro de 1997.  

População rural
ainda predomina
        

         Com 469 km², Tamarana está com com 12.640 habitantes, 47,7% urbanos. Conforme o Ipardes, a economia tem a maior resultado na agropecuária, cujo valor bruto a preços básicos em 2012 atingiu a R$ 48,6 milhões; indústria, R$ 18,8 milhões; serviços: R$ 70,3 milhões. São 19 assentamentos de programas da reforma agrária no município, o que contribui para a maior  população rural, além de 1.100 índios.

         O PIB municipal chegou a R$ 147,1 milhões de reais em 2010 e a renda per capita, R$ 12.031 reais, está  48% abaixo da média estadual. Embora o índice de desenvolvimento humano seja médio, 0,621, entre os 399 municípios paranaenses Tamarana fica atrás de 386, a 12 posições do último lugar.