segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Cooperativismo inovador e
toque europeu na paisagem
Widson Schwartz
 Nascer do sol na Fazenda Bugio, em Palmeira

 Represa do Salto, próximo à Colônia Witmarsum

 Vila Quero Quero, na Colônia Witmarsum, em Palmeira

 Castrolanda

            Na atualidade dos Campos Gerais destaca-se o associativismo de soluções inovadoras no agronegócio, que correspondem à expectativa de clientes e permitem a sustentabilidade dos produtores. Com faturamento previsto de R$ 3 bilhões em 2012, as três principais cooperativas da região participarão com 8,5% da movimentação financeira em vendas do sistema no Estado, R$ 35 bilhões. 
          Em comparação às que se encontram em outras regiões do Estado, as cooperativas nos Campos Gerais se caracterizam pelo número de associados relativamente baixo e a produtividade muito alta. A Cooperativa Mista Agropecuária Witmarsum Ltda., fundada em 28 de outubro de 1952, tem 310 sócios em Palmeira, Balsa Nova, Ponta Grossa e Porto Amazonas. As marcas do leite e dos queijos são referências de alto conceito. Maior produção é a de soja, em 4.200 hectares, média de 2.750 kg/ha; o milho, em 2.300 hectares, atinge a 8.000 kg/ha. Em menor escala há o trigo e outras culturas. Adota a rotação de culturas e de pastagens (sistema Voisin).
          Castrolanda associa o nome e a paisagem própria dos holandeses, mas os 750 associados da Cooperativa são de várias etnias. Em 2011, produziram 508,4 milhões de toneladas de grãos, 182,6 milhões de litros de leite e 37,5 mil toneladas de suínos, principalmente. As principais commodities agrícolas, a suinocultura e o leite atingem faturamento anual superior a R$ 1,2 bilhão.
          Ao completar 50 anos, em 2001, Castrolanda inaugurou o seu magnífico moinho, “O Imigrante”, réplica primorosa com 37 metros de altura e 36 de envergadura, um dos maiores do mundo. Na próxima Agroleite, os visitantes terão a primeira edificação de um novo conjunto de arquitetura holandesa, que servirá à exposição de tecnologia.
           Recente é a unidade beneficiadora de feijão, cuja marca evoca o homem de outrora nos Campos Gerais: “Feijão Tropeiro”.
          Um grupo de seis tropeiros podia conduzir mil mulas do Rio Grande do Sul a Sorocaba sem perder mais de 1% da tropa, exposta a perigos ao longo de 3.200 quilômetros.  “Para ser bem-sucedido no comércio dos animais era preciso (o tropeiro)  ter uma constituição de ferro, a quem nem a fadiga nem as privações alquebrassem. E ser bom cavaleiro, bom laçador e, finalmente, bastante conhecido da natureza dos muares, em todas as suas características físicas e morais”, soube  o engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither em 1874, ouvindo ex-tropeiros em Tibagi.  

Outro tempo para
os alemães-russos 

          Setenta anos após a inviabilidade da colonização russo-alemã nos Campos Gerais, ao tempo do Império, teve início a Colônia Witmarsum, fadada ao sucesso. Com alemães-russos do culto menonita, que chegaram em 7 de julho de 1951 a Palmeira, procedentes de Santa Catarina.
          Com planejamento, as famílias ocuparam lotes numa área de 7.800 alqueires, a Fazenda Cancela, adquirida de Roberto Glaser com financiamento de uma instituição menonita dos Estados Unidos. A Cooperativa Mista Agropecuária Witmarsum é sucessora da sociedade anônima que os colonos mantinham em Ibirama, Santa Catarina. Seus ancestrais eram da Frísia, ao norte da Alemanha e da Holanda, de onde emigraram para a Rússia entre 1888 e 1920.
          Os fundadores da Colônia Witmarsum saíram da Rússia por não aceitaram o comunismo e, inicialmente, se fixaram em Santa Catarina, em 1930. Nome também de um município catarinense, Witmarsum é primeiramente o lugar na Holanda onde viveu Menno Simonis (1492-1559), iniciador do menonismo, doutrina anabatista cujos seguidores são os menonitas. 
          Atrativos na Colônia Witmarsum, em Palmeira: a arquitetura e os produtos alimentícios de alto conceito, a história e o folclore dos imigrantes. E o próprio sistema da produção agropecuária.