segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


O Tibagi desce 366 metros
e chega à cidade memorial 


 Entre as belezas de Tibagi, o Salto Santa Rosa

 Por do Sol  na Rodovia do Café

Salto Puxa Nervos, em Tibagi



          Nos primeiros 88 quilômetros, entre a nascente e Uvaia, o rio Tibagi desce – literalmente – 197 metros, de 1.060 a 972.  Uvaia, distrito ponta-grossense, é a primeira comunidade ribeirinha e dali até a cidade do Tibagi são mais 118 quilômetros de curso fluvial. “Calmo e equilibradoaté o ponto em que recebe o Pitangui, seu maior afluente, o Tibagi volta a se agitar oito quilômetros adiante: são quatro corredeiras e pequenos saltos até a cidade homônima, constatou o geógrafo Reinhard Maack.
            Entre a Serrinha, onde nasce, e a cidade do Tibagi, o rio tem 206 quilômetros e deslocou-se da altitude de 1.060 metros para 694 (menos 366). O trecho de corredeiras, menos acessível, ainda tem as margens protegidas por matas.
          Conforme a hidrografia no Atlas do Paraná, ao atingir a cidade do Tibagi o rio recebeu 17 afluentes, entre os quais o Lajeado da Cotia, o Ribeirão do Palmito, o Rio Sabão, o Arroio Bom Sucesso. E fazmparte do panorama urbano. A cidade é um memorial dos tempos idos, onde se ouvem histórias cujos personagens são o latifundiário, o garimpeiro, o índio e o tropeiro, o político e o sertanista. Por exemplo, os exploradores Telêmaco Borba e Edmundo Alberto Mercer.
            Já entre 1726 e 1739 a Coroa Portuguesa liberava grandes extensões – as sesmarias – que tinham por referência o rio Tibagi, aonde surgiria a vila, hoje cidade, tendo sido contemplados pelo menos 17 requerentes no período. No “Mapeamento das Sesmarias do Paraná Século 17 e 18”, organizado por Maria Lourdes Ritter, aquelas concessões situavam-se nos “Campos do Tibagi”. Grande parte dos sesmeiros não se fixavam; só meio século depois chegou José Félix da Silva, que contribuiria para e efetiva ocupação. É mencionado também como José Félix do Canto e Silva  e José Félix da Silva Passos, que obteve a sua primeira sesmaria em 20 de maio de 1788, uma faixa de três léguas de comprimento por uma légua de largura entre os rios Alegre e Faisqueira, afluentes do Tibagi, fechando-se o perímetro com o limite no ribeirão Bromado. Uma légua de sesmaria equivale a 6.600 metros.
            Para se fixar, José Félix combate os caingangues. E vencendo-os, aumenta o latifúndio. Os detentores de títulos de sesmarias podiam vendê-los e José Félix comprou 21 mil alqueires; a seguir solicitou e lhe foi concedida pela Coroa a maior extensão: 65 mil alqueires. Esse número fabuloso é relatado por Hellê Vellozo Fernandes, historiadora da Indústria Klabin, no livro Monte Alegre, Cidade Papel – editado em 1974. Assim, na primeira década de 1800 o latifúndio de José Félix abrangia  86 mil alqueires.
            A maior sesmaria teria sido um prêmio a José Félix pela matança de caingangues comandada por ele. Obstáculo à ocupação das terras requeridas, os índios invadiam plantações, matavam animais e pessoas; por vezes impediam a passagem dos tropeiros. Caingangues, também chamados coroados, pelo corte raso do cabelo formando uma rodela ou coroa acima da nuca.


A chacina
do Tibagi

            José Félix e sua gente, incluindo 100 escravos, eram frequentemente atacados na Fazenda Fortaleza pelos índios. Sucedeu que um grupo deles matou Brígido de Castro, amigo de Félix, e espetou a cabeça num dos portões da fazenda, com uma flecha em cada olho.
            Sob o comando de José Félix e seu capataz, Antônio Machado Ribeiro, um grupo armado alcança os caingangues a 50 quilômetros da Fazenda Fortaleza. E matam todos, até crianças e mulheres. Talvez uma mistura de lenda e veracidade, “a tradição registra um espetáculo de crueldade sem par”, no lugar onde tempos depois haveria o hospital e o Hotel Ikapê, em Mone Alegre (atualmente município de Telêmaco Borba). O sangue tingiu o córrego ali e os corpos ficaram à mercê dos urubu. Conforme o registro de Hellê Fernandes, a “chacina do Tibagi” deu nome ao lugar: “mortandade”. Assim conhecido até ser mudado 150 anos mais tarde.


           Uma Homenagem a esse Mestre em Fotografia que contribuiu muito para esse projeto Rio Tibagi, que era o sonho dele:


"As paisagens e semblantes da pequena Londres amanheceram desfocadas neste sábado (02/02/2013).
A visão aguçada, a habilidade no captar dos fatos e rostos que ao longo dos anos construíram Londrina pediu licença para um descanso.
Nosso amigo Caximbo foi fotografar os anjos, retratar a divindade, enquadrar o infinito.
Assim como as suas imagens ele também garantiu a sua eternidade entre nós."  
                                                                                                 Salvador Francisco e Marcos Alburquerque

Caximbo
 (Aírton Procópio dos Santos)


Airton Procópio dos Santos (Caximbo), era um dos mais antigos  e experientes fotógrafos de Londrina, especializado em fotografias publicitárias, industriais e comerciais.  Além disso, tinha uma grande experiência em fotografias de natureza. Trabalhou nos jornais Folha de Londrina, Novo Jornal, Jornal Panorama e atuou como freelancer em revistas como Veja, Auto Esporte e ainda nos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo (Estadão).