quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


Havia os diamantes, mas
tropeirismo deu impulso
 Widson Schwartz
 

Cará Cará, Fazenda Bugio, em Tibagi

 Fazenda Bugio, Nascente do Rio Tibagi

 Ponte do Rio Tibagi, entre Ponta Grossa e Curitiba

Fazenda Cambiju, em Ponta Grossa

            Antônio Machado Ribeiro, o Machadinho, despediu-se da Fazenda Fortaleza, onde era capataz, e deu origem a Tibagi, em terras que recebera de José Félix, o ex-patrão, em agradecimento pelos serviços. Por outra versão, oficializada, Machadinho obteve por conta própria a extensão entre o rio Pinheiro e o arroio Santa Rosa e foram seus herdeiros Manuel das Dores e esposa, Maria Gertrudes dos Santos, que doaram 12 mil metros quadrados para a construção da igreja de Nossa Senhora dos Remédios, em 1833.
          Pela escritura, lavrada na Câmara de Castro, a doação incluiu a casa que fora de Machadinho. Desenvolveu-se o núcleo, elevado a freguesia em 6 de março de 1846. pela lei provincial de 18 de março de 1872, passou de freguesia a Vila de Tibagi.
          O garimpoou mineraçãoé precedente na perspectiva da povoação, mas o tropeirismo, que tivera o início um século antes, a impulsionou; mais tarde, o garimpo de diamantes voltou a ter relevância. A grande corrida ao ouro de Minas Gerais, nas primeiras décadas de 1700, estimulou paulistas à pecuária nos campos paranaenses, para suprir aquele mercado em expansão e, também, a Bahia e o Rio de Janeiro. Destacam-se Pedro Taques de Almeida, chefe de uma família detentora de sesmarias nos domínios de Castro, e Bartolomeu Paes de Abreu.
          Em 1727, o capitão-general de São Paulo, Caldeira Pimentel, manda abrir o que seria o primeiro Caminho das Tropas ou de Viamão. Conforme o Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná (Livraria Editora do Chaim/Banestado - 1991)  era “a estrada de Laguna” (menção à localidade catarinense) que, “ligando os campos do Rio Grande aos de Curitiba, possibilitasse a subida das tropas de gado”. E a primeira passagem se deu em 1731: Cristóvão Pereira de Abreu conduziutrês mil cavalgaduras e 500 vacasdo Rio Grande do Sul a Sorocaba
          A Feira de Sorocaba, propriamente, começa em 1733. Será o maior  entreposto comercial de bois e principalmente de  mulas e burrosos muares –, excelentes para tração e carga. Os paulistas estabelecidos nos Campos Gerais “logo se tornaram os mais numerosos tropeiros, comprando animais no sul, conduzindo-os e vendendo em Sorocaba”.
Já no século 19, tornam-se mais lucrativas as invernadas, para a recuperação das tropas, que perdiam muito peso na longa marcha. Tal opção restringia a criação de animais de corte e a produção de alimentos básicos nos Campos Gerais, do que resultaria uma crise de abastecimento na Província e queda na arrecação de impostos.




O principal entre
outros caminhos

          Na realidade, eram caminhos de tropas, e não apenas o caminho, com o decorrer do cicloDesde o Rio Grande do Sul, passando por Santa Catarina, o de Viamão chega ao Paraná por Rio Negro, dali estendendo-se a Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí e Jaguariaíva. O caminho a partir de Cruz Alta passa em Chapecó (SC) e atingia Palmas, sudoeste paranaense. De Palmas estende-se a Guarapuava, Tibagi e Castro.
          Caminhos paralelos interligados por dois atalhos: entre Palmas e Palmeira, passando por Imbituva; e entre Guarapuava e Ponta Grossa adiante de Castro o caminho é um . Em Contribuição ao Estudo da História Agrária do Paraná, Brasil Pinheiro Machado expõe o mapa dos caminhos de tropas no sul, nos quais a Capitania de São Paulo e depois a Província do Paraná cobravam impostos sobre animais.
           Segundo o governo, uma parte da arrecadação se destinava a custear a manutenção dos caminhos. Mas, por outra versão, muito pouco dispendia, porque os tropeiros tinham nos Campos Gerais caminhos naturalmente abertos, nas campinas entremeadas de capões de araucária, limpos por baixo, e de rios encachoeirados, em leitos de pedra fáceis de atravessar.